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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Clássico à espanhola. Piqué, o mestre do fogo posto

Central do Barça incendiou o ambiente logo em Madrid depois do empate de sábado. Hoje há novo duelo e a tensão está no limite
Os indicadores de Piqué apontam para o céu. O mesmo não vai acontecer com os jogadores do Real Madrid no clássico de hojeEspanha é um país complicado. Tem uma selecção campeã da Europa e do Mundo, mas isso não significa que seja um território de gente unida. Já se sabe que bascos e catalães há muito mostram tendências (e até mais do que isso) independentistas. Em 2009, quando o Mestalla recebeu Athletic Bilbao e Barcelona, os assobios abafaram o hino nacional. Este ano, com Real e Barça frente a frente, a federação espanhola já arranjou solução: se não dá para tapar as bocas dos adeptos, sobe-se o volume do hino. Por isso, quem estiver no estádio às 20h27 tem de estar preparado para um atentado auditivo - 120 decibéis, o equivalente a um avião a passar a baixa altitude e o limite da dor.

A tensão não está limitada às bancadas. Entre jogadores também há conflitos que partem do espírito de cada região. No sábado, depois do empate no Bernabéu, Gerard Piqué passou pelo túnel de acesso aos balneários a cantar. Começou por um simples - mas irónico - "Viva Espanha! Viva a Liga espanhola!" Depois foi mais directo. "A oito pontos, a oito pontos! Espanholitos, já vos ganhámos a vossa Liga espanhola!" A história é relatada por Jose Vicente Hernáez na "Marca" e não fica por aqui. Com a resposta dos jogadores do Real Madrid surgiram também os insultos. E Piqué foi ainda mais além: "Espanholitos, agora vamos ganhar a Taça do vosso rei!" É claro que não tardou novo pingue-pongue. "A ver se falas assim quando fores à selecção", ouviu-se do lado madridista.

O episódio nasceu apenas da alegria do momento para um - que via a conquista do título cada vez mais próxima - e da frustração para os outros. Mesmo assim, é motivo mais do que suficiente para incendiar ainda mais o ambiente para o reencontro de hoje. Com a Liga entregue, o Real tem na Taça do Rei a primeira verdadeira oportunidade de roubar um título ao rival. O Barcelona espera manter a tendência e fazer a vida negra à equipa de José Mourinho.

Para Piqué, que nos últimos dias andou descontraído pelas ruas de Barcelona com Shakira, a tensão vai ser ainda maior. Será ele o alvo dos principais ataques madridistas: se a final correr bem ao Barça, é no central catalão que os jogadores do Real vão descarregar; se a balança pender para o outro lado, é para ele que os adversários vão dirigir a vingança. Afinal, foi Piqué quem deitou fogo ao clássico.
 

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